January 29, 2009

[o ter o quê e assim]

o ter o quê e assim
se já pensei, não vou conseguir
não no entreacto
a consequência acarreta a culpa
[de já não seres capaz
de nada

nada

contente. eu só queria levar a vida
[contente.
fazer amor e ficar diferente
um pouco mais em mim e de mim contigo assim.

as certezas ocorrem quando o dado já não se joga.
o aí
as certezas falham-nos. falham-me.

um contente fastio em doses soberbas
invade e domina a luta diária
para fim da peça de final incerto e frouxo
as coisas obtusas inquilinas do devir.

esta coisa da existência dói.
uma frase de poema em força
com as mãos, que não sabem criar já
outra corrida para o advento
do baldio em sorrisos trocados.

isto que te entrego não sou eu.
era um esquisso de luz manchado
teimosamente vadio
perenemente assim
com o céu e as sirenes roucas
lembram que talvez a incerteza passe.

dou tanto e tanto recusas.
desejo tanto e tanto não chega.

January 24, 2009

.damon & naomi

naomi.s_magic_keys/+++/_live@zdb.lisbon.17|01|2009


naomi.s_feet_swing_/+++/_live@zdb.lisbon.17|01|2009

January 20, 2009

Aguardela, João [n_1969 - m_2009]

ele usou megafone e esteve na linha da frente da re.invenção da musica em portugues. também e pequeno o vi. agora em adulto o escutamos. o lemos, e dançamos. sitiado em lisboa, usava a naifa com destreza. ele sabia como tratar uma senhora. ate a morte que se fez dificil e o veio buscar. nem ela escapou a seu encanto.



January 19, 2009

[garganta seca e verborreia no caderno]

garganta seca e verborreia no caderno.
os lábios cortados e uma respiração difícil
[a marcar tempo.
as canções não precisam de ter refrão.
os sonhos são em mim. é em mim que dói.

dói-me aqui. dói-me aqui dentro. aqui onde sou.

construção. palavra de significado novo.
hoje votaste-me a ensina-la.

ainda me deves uma fotografia.
coisa, para mostrar ao mundo
[que também existo.
queres tela melhor?

como o peito, também estas mãos estão cheias
[de nada.
a solidão, o que é? sou eu.

January 13, 2009

.correio

hoje não houve correio
nem sons familiares ao descer a rua
parado num canto de mim mesmo
com a espera em cima da gélida harpa
a tocar com mãos de ninguém

soubesses tu a infinitude dela

estou estupidamente paralisado
estou estúpido. já nasci assim.

não sei o que escreva
é do tempo dizes-me tu
deixo-te algo para te entreter uns breves muito breves segundos
e agora que chego ao fim retoma a fuga

toca e foge

January 8, 2009

.on reste ici

e são as palavras que te atiram para o fundo de algo por vir
sem malha nem rede a cobrir-te. apenas palavras, versos ou efeitos riscados pelo paladar do caiado vento ao tocar em ti

a prosa de nada de serve quando não se sabe ler ou escutar as vozes incautas que afectam as cores do mundo e o sorriso dos cães com

cio

ontem ou antes vi-nos de mão dada a visitar uma estrela. quero ser contigo e contigo tudo ser sem intervalos.

quero o tudo contigo ate ao fim de tudo. depois de tudo ficamos nós.


dizia o manel* que somos nós o fim que existe em nós. dá-nos poder, sabes. pensar isso, senti-lo, sobretudo. perceber que marcamos a diferença mesmo que permaneçamos em silêncio. e por falar nisso (afinal, o silêncio é falável, dizível, entendível, intelegível), não digas nada. dizer por dizer, senta-te antes aqui e nota
a estrela a ganhar dimensão e fecha os olhos. ficas tu e o teu fim.
eu vou ficando também,



enquanto me deixares.







(*manel cruz)



Pedro Andrade e Maria Rocha, 2009

January 7, 2009

.hoje

querer ser. poder ser. hoje.
substanciação da existência. não gosto disto.

tentas tocar as teias que a seguram
exemplo a seguir na montanha de vidro.
ainda ontem era assim, já mudado
omem e barba feita. Semeada em sulcos cansados
[e usados pelo tempo.

mágoas. retrospectiva atenta e cuidada
ante a força que não nos move. trava.
oculta e devagarinho afrouxa
o querer juvenil. mudar o mundo.
[muda-te a ti.

cirandei um pouquinho e brinquei.
velhote, fuja. esconda-se. não tem muito
[tempo. nem nós.